Dengue Prevenir ou Morrer
Correndo dentro das matas
No agreste do sertão
Sem camisa no sol quente
Vivendo de pé no chão,
Naquela doideira imensa
Nunca peguei uma doença
E nem contaminação.
Bebia água no açude
Tomava banho no rio
Ficava debaixo d’água
Até ficar roxo de frio.
Entre galinhas e patos
Comia frutas nos matos
Nunca um bicho me feriu.
Dormia junto das vacas
No poleiro das galinhas
Tirava leite das cabras,
E todas as tardizinhas,
Subia e descia morro
Correndo com meu cachorro
Juntando as ovelhinhas
E quando chegava a noite
Em volta de uma fogueira
Papai contava histórias
De arrepiar a cabeleira.
Falava de um tal homem
Que virava lobisomem
E corria a noite inteira.
Histórias de curupira
E de saci pererê
De algumas almas penadas
Que costumava aparecer,
Para deixar assombrado
O menino malcriado
Que não quisesse comer.
Mas com o passar do tempo
E as coisas se evoluindo,
Perde-se a inocência
E a gente vai descobrindo,
Que as histórias de nossos pais
Foram ficando para trás
E outras foram surgindo.
Tudo isso aconteceu
Há algum tempo atrás,
Quando eu ouvia as histórias
Que me contavam meus pais,
Que seus avôs lhes contavam
Que muito me assustavam
E hoje não me assustam mais.
Mas ao invés das histórias
Tradição de nossas crenças,
Hoje o que me assusta
São as graves doenças
Bactérias e epidemia
Multiplicam-se a cada dia
Porque o homem não pensa.
Doenças muito terríveis
Assombram a população
Por culpa do próprio homem
Que aumenta a poluição
Não usa a consciência
Abusando da ciência
Para própria perdição.
Surgiu a tuberculose
Também a pneumonia,
Sarampo e catapora
Vários tipos de alergia.
E como obra do cão
Surgiu a tal depressão
Inimiga da alegria.
Doenças contagiosas
Transmitida pelo ar.
Um tal de câncer maligno
Que ninguém pode parar.
Hepatite B e C
Que veio aparecer
Só pra coisa piorar.
Doenças muito piores
Transmissíveis sexualmente
Sífilis, gonorréia
E AIDS, a mais recente.
Que não faz acepção
Por falta de prevenção
Vem matando muita gente.
E muitas outras doenças
Que não me convém citar
Necessitaria um livro
Pra que eu pudesse falar,
Algumas a medicina
Descobriu uma vacina
E conseguiu controlar.
Eu vou citar um exemplo
Para aquele que nunca viu.
Uma: a doença de chaga
Outra: paralisia infantil
Uma foi controlada
A outra foi derrotada
E extinta do Brasil.
Mas todas estas doenças
Foram ficando para trás
Como as velhas histórias
Que me contavam meus pais
Hoje o que nos castiga
É uma doença antiga
Que apavora muito mais.
Apesar de que as drogas
Inimiga da esperança
Ter apavorado o mundo
Destruindo nossas crianças
Tirando os jovens do trilho
Roubando da mãe o filho
Que clama por segurança.
Mas ainda não é isso
Que tem nos apavorado,
Não é a guerra do morro
Bandido contra soldado,
É um mosquito maldito
Que como as pragas do Egito
Muita gente tem matado.
Desde o século dezoito
A primeira transmissão
Da tal febre quebra-ossos
“A dengue na ocasião”
Passou por Antilhas,Zazibar
Hong Kong e Calcutá
Austrália, Grécia e Japão.
Veio em navios negreiros
Este mosquito febril
De origem africana
Aqui se introduziu.
E desde então existe
O tal aédes aegypti
Pelas terras do Brasil.
E nós que não temos guerra
Terremoto ou tsunami
Entramos num a batalha
Contra este mosquito infame,
Por um tempo ele sumiu
Mas agora ressurgiu
Mais agressivo e com fome.
E este bicho maldito
Eu diria, é bem folgado.
Adulto não morre de sede
E novo não morre afogado
Todo cheio de regalia
Pica durante o dia
E a noite fica entocado.
Febre alta, dor de cabeça
Muitas dores musculares
Cansaço indisposição
E dores abdominais.
Caso você sinta isto
Da picada do mosquito
São os primeiros sinais.
Isto na fase branda
Chamada de dengue clássica,
Tem a parte bem mais grave
Que é a fase mais trágica,
A doença fica forte
Se não cuidar leva a morte
Chamada dengue hemorrágica.
Três dias depois da febre
É a parte mais perigosa,
Baixa pressão sangüínea
Pele fria e pegajosa
É nesta hora que a guerra
Se vacilar se encerra
Com a dengue vitoriosa.
E para que isto não aconteça
Precisamos ter união
Para vencer o maldito
Este mosquito do cão,
Como a medicina
Não criou uma vacina
O remédio é prevenção.
Não deixe água parada
Em vasos ou em pneus,
Feche bem a caixa d’ água
Cuide bem dos filhos seus.
Quem sabe fazer o certo
Fazendo errado por certo
Não pode agradar a Deus.
Pensem em nossas crianças
Nas camas dos hospitais
Muitos nos corredores
Os leitos não cabem mais.
O povo culpa os governantes
Por outro lado os governantes
Culpam os próprios pais.
O povo culpa o governo
De descaso a nação,
O governo acusa o povo
De falta de prevenção.
O governo não esta errado,
O povo por outro lado
Ta coberto de razão.
Todos nós somos culpados
Pela evolução do mosquito
Mas nesta hora não importa
Se alguém é feio ou bonito.
Porém o mais importante
É povo e governante
Se unir contra o maldito
Como na copa do mundo
Em jogos da seleção
Vista a sua camisa
Pegue a bandeira na mão
Dê o seu grito de guerra
Vamos limpar nossa terra
Deste mosquito do cão
Mais uma coisa é certa
Se alguém é contra me cobre,
Ou o mosquito é racista
Ou não gosta da classe nobre.
É verdade que tem descasos
Mas na maioria dos casos,
O infeliz só pica o pobre.
É como diz um provérbio,
Pobre é mesmo lascado,
Se é para uma coisa boa
É o último a ser lembrado,
Mas no meio de tanta gente
O pobre infelizmente,
É o primeiro a se picado.
Mas seja pobre ou rico
Escute o que eu vou dizer
Cruzar os braços não dá
Nem tem como se esconder.
Quem ama a sua vida
Sô existe uma saída
É prevenir ou morrer.
Porque é assustador
Este mosquito malvado
Causando muito pavor
Por onde tem ele passado.
Talvez por culpa do povo
O bicho voltou de novo
E ainda mais irritado?
Exército, Marinha, Aeronáutica,
Defesa Civil e Bombeiro,
Lutam contra o bichinho
Mas o mosquito é ligeiro
Onde a praga se encontra
Por onde passa apronta,
Do diabo é um mensageiro
Aqui fica meu apelo
Vamos ficar prevenidos,
Juntos nesta campanha
Feri sem sermos feridos.
Não tem como se esconder
É prevenir ou morrer,
Vencer ou seremos vencidos.
Francis Gomes