Observo luzes piscando em vários lugares. Em edifícios, em casas, em árvores. Formando figuras em diversas cores. Verdes, azuis, vermelhas, amarelas, Em forma de anjos, estrelas, sinos e velas. Enquanto martirizo-me nos meus dissabores. Crianças em suas casas olham para o céu… Pedem a Deus ou a papai Noel, O presente de sua ilusão. Todavia eu, sem casa, sem lar, Suplico, imploro, para ver se alguém me dar, Um mísero pedaço de pão. Alguns compram pernil e peru para a ceia. Vinho, champanhe, tudo que a carne anseia. Viaja, festeja, comemora. E eu, sem amigos, sem família, sem ninguém, A espera de um presente que não vem, Sem honra vou mendigando pelo o mundo afora. Uns compram, não porque precisam, por vaidade. Eu, eu vendo minha dignidade, Pelo o preço que a fome cobra. E fazendo parte deste abandono, Sinto-me um cão esquecido pelo o dono, Comendo das migalhas que lhe sobra. Todos olham as luzes piscando, Mas para mim, quem está olhando? Eu me pergunto olhando para o céu. Senhor, Senhor não me queira mal, Observe Senhor, é época de natal, Mas onde está meu papai Noel? Ah! Perdoe-me, é que às vezes eu esqueço, Que ele não sabe meu endereço, E por isso não pode me atender. É que nesta angustia que me abrasa, Eu esqueço que não tenho casa, Nem chaminé por onde ele possa descer. Francis Gomes