E outros me chamam cordelista
Meus parentes me chamam por meu nome
Mas o meu povo me chama de artista.
Suas dores, alegrias e tristezas
Não escondo os indecoros que existe
Mas me esforço para cantar as belezas
Onda a lua toda noite faz clarão
E o sol impetuoso fere forte
Como carrasco deste povo e deste chão.
É como o sol rompendo a aurora a cada dia
Muitas vezes são deuses de si mesmos
Infelizes estandartes da alegria,
Impávidos heróis sem honra ao mérito
Gênios que a pátria não os reconhecem
Filhos legítimos de um rei
Bastardos na miséria em que perecem
Cheia de fontes, rios, açudes e mar
Céu azul, sol brilhante, verdes colinas
Noite estrelada e uma lua a clarear
E nesta terra é possível ver a aurora
E o arrebol que forma o sol ao entardecer
Ouvir cantar, cigarras, grilos e passarinhos
E ver vadios pirilampos ao anoitecer
Os campos, as selvas, a luz, o escuro
Canto este solo, este povo bravio
Livre pra morrer sem ter futuro
Se cantar a minha terra é loucura
E ser poeta patriota é ser maldito
Me desculpem outras terras outros povos
Mas só a morte pode calar o meu grito
Nem existe um povo tão valente
Quem quiser que cante sua terra
Eu, porém canto a minha e minha gente.
Francis Gomes